A seca severa que atinge o Alto Solimões neste ano trouxe à tona um importante tesouro arqueológico: as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga. Localizado na margem esquerda do rio, abaixo do terminal hidroviário da cidade, o forte foi construído no século XVIII e desempenhou um papel crucial na defesa portuguesa contra as expedições espanholas.
Com o rio atingindo seu menor nível histórico de -0,94 metro em Tabatinga, as ruínas, que estavam submersas, voltaram a ser visíveis. A seca atual é a mais intensa dos últimos 40 anos.
O historiador Luiz Ataíde, que estuda a região há 20 anos, encontrou diversos artefatos, incluindo peças de louça e munições usadas pelos militares do forte. Segundo Ataíde, o forte foi fundado em 15 de julho de 1766, inicialmente de taipa e palha, e mais tarde reconstruído em alvenaria entre 1872 e 1874.
Os conflitos territoriais entre Brasil, Colômbia e Peru são marcados por dois momentos históricos importantes: o Tratado de Madri (1750), que garantiu a soberania portuguesa, e o Tratado de Santo Ildefonso (1777), que devolveu a área ao Brasil.
Para honrar os militares da época, o Exército Brasileiro construiu um memorial no Museu do Comando de Fronteira Solimões, no Parque Zoobotânico de Tabatinga. O espaço inclui canhões e outras peças históricas.
Apesar de ter sido inundado em 1932, o Forte São Francisco Xavier permanece um símbolo de resistência e está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Iphan.
Foto: Roney Elias, Rede Amazônica