Por que os peixes morrem em lagos e igarapés durante a seca?

Entenda como a falta de água e oxigênio nos lagos e igarapés da Amazônia provoca a morte de peixes, e por que eles não conseguem migrar para rios maiores em busca de sobrevivência.

A cada período de seca severa na Amazônia, um fenômeno natural mas doloroso volta a se repetir: a morte em massa de peixes nos lagos e igarapés da região. Mesmo com a proximidade de rios maiores, onde poderiam sobreviver com mais facilidade, muitos peixes acabam não conseguindo migrar e permanecem em corpos d’água cada vez mais escassos. Mas por que isso acontece?

O Impacto da Seca nos Lagos e Igarapés
Durante a estação seca, os lagos e igarapés sofrem uma queda drástica no nível de água. O volume reduzido faz com que a concentração de matéria orgânica em decomposição aumente, e isso tem um efeito direto na qualidade da água. O aumento na decomposição consome uma quantidade maior de oxigênio dissolvido, essencial para a respiração dos peixes. Com menos oxigênio disponível, muitas espécies entram em estresse respiratório e, eventualmente, morrem.

Além disso, a seca expõe o leito dos igarapés e lagos ao sol, o que pode elevar a temperatura da água em níveis críticos para a sobrevivência de várias espécies de peixes. A combinação de altas temperaturas e falta de oxigênio cria um ambiente inóspito, levando à morte massiva de diversas espécies.

Por Que os Peixes Não Migram para os Rios Maiores?
Apesar de parecer lógico que os peixes deveriam nadar até os rios maiores, onde haveria mais oxigênio e água fresca, há diversos fatores biológicos e ambientais que impedem essa migração.

Desconhecimento de Rotas de Fuga: Muitos peixes que habitam lagos e igarapés têm um ciclo de vida adaptado especificamente a esses ambientes. Não possuem a capacidade ou o instinto natural de migrar longas distâncias para os grandes rios. Além disso, a seca pode isolar ainda mais esses pequenos corpos d’água, criando verdadeiras “armadilhas naturais” das quais os peixes não conseguem escapar.

Barreiras Físicas: Em muitos casos, as conexões entre os igarapés e rios maiores se fecham completamente durante a seca. Sem o fluxo de água contínuo, os peixes ficam presos. A paisagem da Amazônia muda significativamente com a seca, e o que era um igarapé conectado a um grande rio pode se transformar em um pequeno lago isolado.

Ciclo de Vida e Comportamento: Espécies adaptadas a viver em igarapés muitas vezes têm ciclos de vida e hábitos reprodutivos ligados diretamente ao local. Elas permanecem em áreas específicas para desovar e completar seu ciclo de vida, e a mudança abrupta para um rio maior poderia não ser vantajosa para elas.

A Seca e a Importância dos Ciclos Naturais
Embora a morte de peixes durante a seca seja uma visão triste, faz parte do ciclo natural da Amazônia. A estação das chuvas, que ocorre depois da seca, enche novamente os lagos e igarapés, permitindo que outras populações de peixes cresçam e se recuperem. No entanto, o que agrava essa situação nos dias de hoje é a intensificação das secas por conta das mudanças climáticas.

As secas mais intensas e prolongadas, somadas ao desmatamento e à intervenção humana nos cursos d’água, têm reduzido a capacidade de recuperação natural desses ecossistemas. O resultado são mortes em massa cada vez mais frequentes e impactantes, o que pode ameaçar a biodiversidade e a subsistência de comunidades ribeirinhas que dependem desses peixes.

Conclusão
A morte de peixes durante a seca nos lagos e igarapés da Amazônia é um fenômeno natural agravado pelas mudanças climáticas e pela degradação ambiental. Entender os motivos pelos quais os peixes não conseguem migrar para rios maiores nos ajuda a refletir sobre a importância de preservar os ecossistemas aquáticos e garantir que a vida na Amazônia continue a prosperar, mesmo diante dos desafios impostos pelas mudanças no clima.

 

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