Antes mesmo de ser tornar um fenômeno em todo o Brasil, as músicas de Marília Mendonça já faziam sucesso nas vozes que duplas masculinas que, até então, dominavam quase que por completo o cenário musical sertanejo. Até Você Voltar, música que fez Henrique e Juliano estourar no todo o país; Calma, cantada por Jorge e Mateus; e É Com Ela Que Eu Estou, interpretada por Cristiano Araújo, são só alguns exemplos. Marília passou a dar voz as suas composições em um EP lançado em 2014, mas só caiu nas graças do público em 2016, quando lançou o DVD “Marília Mendonça: Ao Vivo”. A música Infiel, que foi inspirada na história de uma tia da cantora e fazia parte do projeto, tornou-se um dos maiores hits da sua carreira. Depois desse pontapé inicial, a artista deslanchou e abriu portas para o movimento que ficou conhecido como “feminejo”.
Paula Fernandes já fazia sucesso nessa época, mas Marília chamou atenção por apostar em letras que mesclavam sofrência com bebedeiras – temas típicos do gênero sertanejo. A cantora foi emplacando um hit atrás do outro e de forma meteórica ela ganhou o título de “rainha da sofrência”. Com apenas 26 anos, ela já era uma das grandes referências do mercado musical e os números dizem isso. Em 2020, por exemplo, o clipe de Graveto foi o vídeo de música mais visto do YouTube, somando mais de 223 milhões de visualizações. Essa música fez parte do projeto “Todos os Cantos”, no qual a cantora saiu em turnê pelo Brasil fazendo shows gratuitos nas capitais dos Estados. Em cada show, ela passava lançava uma música nova. O álbum desse projeto rendeu, em 2019, um Grammy Latino a cantora. Com a pandemia, a cantora apostou nas lives e fez um verdadeiro sucesso – tanto que realizou várias apresentações sozinha e também no projeto “Patroas” em parceria com dupla Maiara e Maraisa. Com vários prêmios no currículo, Marília pode receber um prêmio póstumo, pois concorre a categoria Melhor Cantora no Prêmio Multishow 2021.
Vida pessoal da artista
No âmbito pessoal, Marília era discreta e evitava confusões. O primeiro relacionamento após ela se tornar famosa foi com o empresário Yugnir Ângelo. Em 2016, eles chegaram a ficar noivos, mas o relacionamento não durou muito e chegou ao fim em agosto de 2017. Na época, a cantora, que tinha 22 anos, sentia que era muito jovem para ter um relacionamento sério. A artista focou na carreira e, em maio de 2019, assumiu um novo relacionamento só que desta vez com o cantor Murilo Huff. Um mês depois, ela anunciou que estava grávida do seu primeiro e único filho, Léo, que nasceu prematuro em dezembro do mesmo ano. O casal acabou se separando em julho de 2020 e, poucos meses depois, reatou.
A cantora não costumava se envolver em polêmicas, mas acabou sendo criticada nas redes sociais ao fazer um comentário considerado preconceituoso, que levou a hashtag “Marília Transfóbica” ir parar nos assuntos mais comentados do Twitter. Isso aconteceu em agosto de 2020, quando a cantora tirou sarro de um dos integrantes da sua banda durante uma live. Marília disse que ele tinha beijado “a mulher mais bonita da vida dele” em uma boate gay de Goiânia, dando a entender que o músico beijou uma mulher trans. Em meio a repercussão negativa, ela pediu desculpas nas redes sociais e reconheceu seu erro. Marília, que nasceu em Cristianópolis, Goiás, morreu, aos 26 anos, nesta sexta-feira, 5, após sofrer um acidente de avião em Serra da Catinga, no interior de Minas Gerais. Nas homenagens que está recebendo, há uma sensação comum de que a artista partiu jovem, mas deixou sua marca e um grande legado na música sertaneja.