A cúpula do Ministério da Saúde e o ministro Eduardo Pazuello foram omissos diante o colapso com a falta de oxigênio no sistema público de saúde de Manaus, é o que aponta um relatório assinado pelo próprio ministro no plano de contingências montado para lidar com a crise no Amazonas, de acordo com informações divulgadas pela Folha de São Paulo.
Nos dias 14 e 15 de janeiro deste ano, o Estado enfrentou o ápice da 2ª onda da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, 31 pessoas morreram por falta de oxigênio e a falta de leitos nas unidades de saúde. Devido à crise, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigar a conduta do ministro da saúde.
A Folha de São Paulo listou as informações, nesta terça-feira (09), onde constam, pelo menos, 11 indícios da omissão da pasta sobre a crise no Amazonas.
1. Email da White Martins, em 11 de janeiro, pedindo a coronéis do Ministério da Saúde “apoio logístico imediato” para transporte de oxigênio;
2. Email da White Martins, em 7 de janeiro, apontando a escalada da escassez de oxigênio. Ministro disse que email chegou no dia 8. Depois, gabinete mudou a versão. Mensagem só teria chegado três dias após o colapso;
3. Relatório de ações referentes ao período de 6 a 16 de janeiro, assinado pelo ministro, em que diz ter detectado “gravíssima situação dos estoques de oxigênio hospitalar em Manaus”, “logo no início do período”;
4. Visita de Pazuello a instalações da White Martins em Manaus;
5. Reunião do general e de coronéis do Ministério da Saúde com representantes da White Martins em Manaus;
6. Documento de diretor jurídico da White Martins ao MPF no Amazonas, em que aponta ter havido informação e registro da situação “junto às autoridades públicas que estão à frente da questão junto ao estado do Amazonas e ao governo federal”, além de “reuniões periódicas com comitê de crise do governo federal”;
7. Relatório do centro de operações da secretaria-executiva do ministério, referente a ações em 10 de janeiro, com registro sobre “prioridade zero” no suprimento de oxigênio aos hospitais;
8. Chamada telefônica da Secretaria da Saúde do Amazonas ao ministério pedindo ajuda com oxigênio;
9. Plano de contingência com registro de “estrangulamento” no fornecimento de oxigênio;
10. Constatação de uso inadequado de oxigênio por grupos independentes mandados ao Amazonas;
11. Relatórios da Força Nacional do SUS com registros da escalada da crise entre os dias 8 e 13 de janeiro, até o colapso no dia 14.