Odebate sobre questões raciais no Brasil se aprofundou nos últimos anos a partir da organização de grupos e entidades de reafirmação da identidade afro-brasileira e de combate às feridas abertas que remetem aos primórdios da história do país: o ranço escravagista e o racismo disseminado no dia a dia contra essa população. As estatísticas sobre raça e cor levantadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outras instituições mostram a dimensão do problema.
No Pará, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) mostra que, em 2020, foram registrados 55 casos de discriminação racial, um número positivo se comparado aos 43 contados no ano anterior, uma redução de 21,8%. Já no país, de acordo com levantamento presente no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 10.291 registros de injúria racial, mas o número absoluto de casos de racismo não ultrapassou 3 mil, apontando para a subnotificação desses crimes.
A régua para medir os rastros do racismo no Brasil passa por outras variáveis, que persistem em manter o país com evidentes desigualdades entre a população negra e parda e a branca. Em 2018, por exemplo, o IBGE apontava que a taxa de analfabetismo entre a população negra era de 9,1%, cerca de cinco pontos a mais do que a da população branca, de 3,9%. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), também do Instituto, o percentual de jovens negros fora da escola era 19% e jovens brancos é de 12,5%, também em 2018.