Kelvin Miqueias Miguel Souza, indígena de 20 anos, morador do município São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, encontra-se em estado crítico após sofrer um grave acidente de moto que resultou em um traumatismo cranioencefálico (TCE) com afundamento de crânio, fratura facial e outras complicações severas. Internado há 25 dias no Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, em Manaus, Kelvin aguarda uma cirurgia vital, que tem sido sucessivamente adiada, agravando ainda mais sua condição de saúde. De acordo com a advogada Maytê Ambrósio, o paciente está na enfermaria do João Lúcio, e tem previsão, dada pela direção do hospital, de ser transferido na próxima segunda-feira, 14, para a Fundação Hospital Adriano Jorge, onde deve ser submetido à cirurgia na terça-feira seguinte.
Segundo a advogada, desde sua hospitalização, Kelvin foi submetido a uma craniectomia fronto-orbitária direita, realizada para corrigir o afundamento craniano, conter a laceração cerebral e reparar uma fístula liquórica. No entanto, a cirurgia necessária para a correção de sua mandíbula fraturada, essencial para a plena recuperação, foi postergada inúmeras vezes, sob justificativas variadas, como a falta de materiais cirúrgicos e indisponibilidade de profissionais capacitados.
“Mais uma vez marcaram uma data distante para um paciente em estado grave que ainda se encontra na enfermaria, ninguém sabe se ele aguenta mais uma cirurgia de tanto que postergaram, está desnutrido, com infecção na traqueo, febre constante que não passa com antibióticos”, denuncia a advogada.
Kelvin desenvolveu pneumonia devido a uma infecção causada pela traqueostomia, além de apresentar febre alta, dores intensas e sinais de desnutrição.
A família tem assumido os cuidados de enfermagem desde que o hospital transferiu Kelvin da UTI para a enfermaria, local que, segundo relatos dos familiares, é inadequado para a gravidade de seu estado.
Mesmo com uma sentença judicial emitida no dia 4 de outubro ordenando a realização imediata da cirurgia, o procedimento ainda não foi realizado.
A família de Kelvin, em total desespero, denunciou à autoridades e imprensa, a falta de transparência, os constantes adiamentos.
De acordo com os familiares, este caso é um grave exemplo de violação de direitos humanos e de negligência hospitalar, onde a vida de um jovem indígena é colocada em risco pela demora e descaso das instituições de saúde.
Imagens do Raio X do paciente. Arquivo Pessoal.
