A pandemia de coronavírus teve um efeito profundo na rotina das pessoas e tornou mais difícil dormir para muitas pessoas — a tal ponto que especialistas criaram até um termo para isso em inglês: coronasomnia. Em português seria algo como “corona-insônia” ou “covid-insônia”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 40% dos brasileiros sofrem de algum distúrbio de sono. E a pandemia e suas consequências parecem piorar o quadro. Entre abril e maio de 2020, quando começavam as medidas mais rígidas de isolamento, a palavra “insônia” foi a mais procurada no Google. Já a pesquisa por “remédio para insônia” aumentou 130%.
Entramos no segundo ano de pandemia, e meses de distanciamento social abalaram rotinas diárias, apagaram os limites da vida profissional e trouxeram incertezas para a vida de todos. Isso tudo trouxe consequências desastrosas para o sono, e a saúde e a produtividade podem enfrentar sérios problemas por causa disso.
Para muitas pessoas, deixar “o trabalho no trabalho” agora é completamente impossível, e desconectar-se do estresse diário é mais difícil do que nunca. Somado a isso está o fato de que as pessoas estão sentindo falta de seus hobbies e seus amigos, que são essenciais para relaxar e desestressar. Muitos enfrentam problemas de saúde mental que podem contribuir para problemas de sono ou vice-versa. A sensação geral de incerteza e falta de controle também pode contribuir para problemas de sono. O tempo que a pandemia tem durado também é um fator: o que começou com pessoas estocando papel higiênico para um mês se tornou um estado semipermanente de vida.
Os especialistas dizem que é importante procurar ajuda quando os problemas de sono persistem —especialmente hoje em dia. “Como a pandemia continuou por um período significativo de tempo, não apenas alguns meses, há uma grande possibilidade de que as taxas de insônia não caiam”, diz Lisa Artis, vice-CEO da Sleep Charity, uma ONG que promove saúde do sono no Reino Unido.
O tratamento mais comum para problemas de sono é a terapia cognitivo-comportamental para insônia, que melhora a chamada “higiene do sono” —uma série de atitudes que podem ser tomadas antes de dormir para evitar problemas, como não fumar nem beber antes de dormir, apagar todas as luzes, etc. A terapia também treina o cérebro para associar a cama com o sono através de mudanças comportamentais, como não trabalhar na cama e não ver televisão no quarto.
- Também é aconselhado manter o celular em outro cômodo quando for dormir e ter um relógio despertador na mesa de cabeceira, mas não ficar olhando para ele enquanto tenta adormecer.