Os espetáculos “Catraieiros”, do Balé Folclórico; “Saga Cabocla”, da Cia Mônica Seffair, de Parintins; e “A Temporada de Ganga”, da Companhia Independente Artística Alpha Dance (CIAAD), foram os destaques da abertura do 11º Festival Amazonas de Dança, que aconteceu neste sábado (26/8), no Teatro Amazonas, no bairro Centro, Zona Sul. A noite contou ainda com uma homenagem a Adalto Xavier, Miguel Maia e Dirley Duarte, profissionais da dança que fizeram a diferença no desenvolvimento e valorização da arte no estado.
O Balé Folclórico subiu ao palco para contar a história dos catraieiros que faziam a travessia da população pelos igarapés que ligavam os bairros ao centro histórico da capital. No repertório do corpo artístico estão músicas de grupos como Cordão do Marambaia, Raízes Caboclas e Banda Tucandeira.
Em seguida, a “Saga Cabocla”, da Cia Mônica Seffair, de Parintins, exibiu uma experimentação em dança em tempo de pandemia. O solo é uma pesquisa feita a partir da necessidade de pensar movimento e buscar autoestima, de mostrar a luta pela sobrevivência da dança e da arte em um município do interior do Amazonas, com foco na mulher artista, independente, periférica e ribeirinha.
A primeira vez que Mônica Seffair entrou no Teatro Amazonas, há dez anos, ela era acadêmica do curso de Dança. Para a artista parintinense, voltar para este lugar e participar do FAD é a realização de um sonho.
“Hoje nós estamos aqui, participando desse 11º festival com muita alegria, porque isso mostra o quanto é importante a pesquisa, continuar estudando, vivendo de arte realmente, isso é gratificante”, afirma Mônica Seffair. “Principalmente quando nós somos do interior e ser reconhecido como um artista potente no nosso estado, isso é gratificante, é maravilhoso”.
Já a Companhia Independente Artística Alpha Dance (CIAAD) apresentou “A Temporada de Ganga”, espetáculo de etnia Hindu, que exalta a cultura da dança indiana. Em movimentos, o grupo trouxe a trajetória da deusa Ganga, que tinha vontade de vir a Terra.
Descentralização
Até o dia 2 de setembro, o Festival Amazonas de Dança promove atividades em diferentes pontos de Manaus e no interior. A programação é gratuita e oferece espetáculos, palestras e oficinas, além de diálogos com representantes dos grupos contemplados nesta edição.
“O Festival de Dança está contemplando todo estado do Amazonas, foi um edital aberto para todo estado e vai contemplar dois municípios, Urucurituba e Iranduba”, reforça Denis Carvalho, gerente de Eventos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. “A programação está bem diversificada, ocupando o Teatro Amazonas, Teatro da Instalação, Teatro Gebes Medeiros, centro de convivência da Cidade Nova e também o Largo de São Sebastião”.
Proposta
Em 2023, o FAD vai celebrar 50 anos do Hip Hop, iniciativa proposta em diálogos da classe artística dentro do Fórum Permanente de Dança do Amazonas (FPDAM), que assina a coprodução do evento realizado pelo Governo do Amazonas, por Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC).
“É a partir de todos os diálogos que a classe artística tem dentro do Fórum que a gente atenta para todas as demandas que precisa alcançar. A gente conversa, dialoga e sempre tenta trazer isso para o festival, para essa realização. Por exemplo, o alcance do festival, os municípios, as comunidades mais distantes do Centro, esse é o nosso foco principal, alcançar os artistas que são das pontas mesmo”, comenta Suelen Siqueira, membro da comissão organizadora.
“O festival não é só uma conquista, o festival é um objetivo que, ao longo de muitos anos, vem sendo aprimorado, vem sendo estudado e sendo trabalhado para que ele seja cada vez maior. Enquanto temos o Festival Amazonas de Dança, tentamos encher de modalidades diferenciadas, de cultura, para sempre contemplar novas variações de dança”, avalia.
Contribuição e homenagem
Na área cultural, participou como bailarino e coreógrafo do Grupo de Teatro e Dança Jurupari (1985 a 1989), Ballet da Cidade (1986), Grupo Experimental de Dança do Teatro Amazonas (1986 a 1987), Grupo Experimental de Dança da Faculdade de Educação Física (Gedef) (1991 a 1994) e Balé Habeas Corpus (1994 a 2000).
Foto: Arquivo Pessoal – Elenco do Balé Habeas Corpus (1999)
“Eu fiquei feliz com a indicação do meu nome para ser homenageado neste 11° FAD. Fiquei feliz quando soube que eu recebi o maior número de votação. Isso significa que a categoria tem um carinho e uma admiração especial por mim, pelo meu trabalho artístico e pelo que eu fiz pela dança como jornalista também, divulgando matérias de páginas inteiras nos cadernos de cultura dos jornais de Manaus”, afirma Guilherme Gil. “E também gostei especialmente porque no Brasil existe uma cultura de homenagear pessoas somente depois que elas falecem. Então é uma alegria ser reconhecido e lembrado ainda em vida”.
Fotos: Marcio James/Secretaria de Cultura e Economia Criativa