Seca histórica afeta cinco Bacias Hidrográficas e declara escassez Hídrica no Brasil
O Brasil vive um momento crítico em relação à escassez hídrica, com a seca de 2023 afetando cinco grandes bacias hidrográficas do país. Pela primeira vez em mais de 100 anos de medições, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou oficialmente o “estado de escassez hídrica” nessas regiões. As bacias dos rios Madeira, Purus, Tapajós, Xingu, todos afluentes do Rio Amazonas, e o Rio Paraguai, no Pantanal, enfrentam níveis alarmantes de seca.
A declaração de escassez hídrica impacta diretamente uma área de 2,264 milhões de km², ou cerca de 26% do território nacional. Essa situação afeta não apenas o abastecimento de água para as populações locais, mas também prejudica a agricultura, a logística e a geração de energia no país.
O Rio Madeira já havia enfrentado uma crise de seca, mas os decretos recentes para as demais bacias marcam uma nova realidade. As medidas de escassez servem como gatilhos para ações emergenciais, como a prevenção de incêndios nas regiões afetadas e o ajuste dos níveis de reservatórios de hidrelétricas para evitar danos maiores ao sistema elétrico.
Verônica Sánchez, presidente da ANA, afirmou que 2024 representa a pior seca na região Norte do Brasil em mais de um século, com a situação nunca antes registrada. Ela também alertou sobre o comportamento cíclico dos rios, mas destacou que a seca atual é mais grave e sem precedentes.
Desafios no Monitoramento
Apesar do cenário alarmante, o governo federal tem enfrentado dificuldades para monitorar a situação hídrica no Brasil, devido a cortes orçamentários e falta de recursos. A ANA, responsável pelo monitoramento hidrológico, não tem condições de repor equipamentos essenciais. Em 2024, a agência sofreu um corte de R$ 43 milhões em seu orçamento, o que prejudica ainda mais sua capacidade de fiscalizar os recursos hídricos do país.
O Futuro e a Tendência de Crises Hídricas
Com as mudanças climáticas e a intensificação das secas e enchentes, especialistas alertam para um futuro de crises hídricas mais frequentes e graves. André Lima, do Ministério do Meio Ambiente, reforçou que o Brasil precisa se adaptar ao “novo normal” das mudanças climáticas, exigindo um tratamento mais ágil e eficaz do tema.
A crise hídrica também está relacionada à crise climática e à degradação ambiental. Suely Araújo, do Observatório do Clima, lembra que o Brasil, embora possua uma grande quantidade de água doce, enfrenta problemas com a escassez devido ao mau manejo e às pressões do desmatamento e da exploração excessiva dos recursos hídricos.
Com o agravamento da crise, a falta de água pode gerar disputas regionais pelos recursos, como já aconteceu no passado, e a implementação de sistemas de reúso e saneamento se torna cada vez mais urgente. Especialistas alertam que o Brasil precisa agir rapidamente para reverter esse quadro e garantir o uso sustentável dos seus recursos hídricos.