O músico e amigo de longas dadas do Rei, conta um pouco sobre a construção dessa trajetória e de como o amigo sempre foi leal a amizade. Segundo Dede, percussionista da banda, eles se conheceram quando namoravam duas irmãs, e Dedé dava carona para o amigo nas idas e vindas para a casa das moças. Depois, o carro que ele pegava emprestado do pai passou a servir para ambos percorrerem rádios com disco na mão e carregarem equipamentos para shows, nas lonas dos circos onde tocavam.
— Eu não era músico ainda. Aprendi a tocar para acompanhá-lo. Fizemos muito show assim: só eu na bateria e ele na guitarra. Foi bem difícil até chegar ao sucesso. E Roberto sempre foi um cara fiel. A banda está parada, mas ele preserva os músicos e dá uma ajuda de custo na pandemia. Foi coisa de Deus eu ter me juntado a ele. Não sei o que seria de mim, talvez hoje fosse só um velho aposentado — avalia Dedé, que em quase 60 anos ao lado do Rei, já passou por bons perrengues: — Em 1965, estávamos num avião monomotor para ir tocar em São Paulo. Nós dois e o piloto. Até que o único motor parou. Ficamos com medo, até o piloto conseguir fazer pegar de novo.
Outro componente da banda de Roberto, Luiz Carlos Ismail está a seu lado desde antes de qualquer sucesso. Hoje, ele faz parte do coro real da RC9, mas no início trabalhava como secretário do cantor. De qualquer forma, o chefe queria mesmo o amigo envolvido com música.
— Comecei a fazer backing vocal. Gravei muito na TV e com artistas bons, além dos meus álbuns. Até que em 1978 ele me chamou para entrar na banda. Lá no começo, éramos vizinhos de prédio, mas morávamos praticamente juntos, pelo tempo que passávamos um com o outro — diz Ismail.
Agora, os componentes da banda passam o seu maior período afastados. Estão isolados, tal como Roberto, que vem seguindo à risca os protocolos sanitários das autoridades de saúde. Foi visto recentemente apenas quando foi se vacinar contra a Covid-19. Nem para votar nas últimas eleições ele saiu de casa, o que não quer dizer que não tenha sido visto. Tudo obra do cantor Carlos Evanney, cover do Rei.
— Depois que votei, fui na seção eleitoral dele na Urca, para ver se dava um tchau de longe. Quando cheguei, veio uma multidão atrás de mim. E os mesários já começaram a folhear os livros para procurar o nome dele. Um cara botou um som. Fui dando tchau. Naquela altura eu não podia dizer que não era ele. A cena foi parar no YouTube como se eu fosse mesmo o Roberto. Tiveram que me esconder e saí pelos fundos — diz Evanney, que tem feito lives em homenagem aos 80 anos do mestre.