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Rendesivir: único medicamento liberado pela Anvisa ainda não foi adotado no Brasil

O rendesivir, único remédio aprovado no Brasil para a Covid-19 com indicação específica para isso na bula, ainda não foi incorporado no tratamento da doença no país. As negociações do laboratório americano Gilead, seu fabricante, com o Ministério da Saúde para incluí-lo no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não renderam frutos.

A aprovação para o uso do rendesivir contra a Covid no Brasil foi dada em 12 de março, há um mês, portanto, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda assim, desde então, não houve também, ao menos por enquanto, uma “corrida” atrás dessa medicação na rede privada.

Já em alguns dos outros mais de 50 países em que foi autorizado, como os Estados Unidos (por lá o antiviral ganhou aval do órgão regulador em 22 de outubro de 2020), o medicamento passou a fazer parte dos protocolos médicos para os pacientes infectados com o Sars-CoV-2 que se encaixam nas indicações. Atualmente, segundo a farmacêutica Gilead, 50% dos americanos internados com Covid fazem uso do rendesivir, conhecido também pelo seu nome comercial, Veklury.

A Índia é outro dos países que incorporaram o rendesivir no tratamento da Covid. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, não endossa o uso, porque, na sua avaliação, não há evidências suficientes de eficácia.

UM dos grandes entraves seria o preço, no Brasil, o custo máximo da dose do rendesivir, de 100 mg, já está definido na tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que estabelece os limites de preço que podem ser cobrados por cada remédio no Brasil. Cada dose do medicamento, que é importado, pode sair por até R$ 2.386,62, sem contar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que varia de estado para estado no país.

Pelo tempo necessário do tratamento, que é de cinco dias, sendo que no primeiro deles a dose é dobrada, o custo fica em até R$ 14.319,72 por paciente, fora o ICMS. No mercado dos EUA, o valor também é alto: o tratamento custa cerca de US$ 3 mil (em torno de R$ 17 mil).

No caso dos pacientes com plano de saúde, porém, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirma que já está previsto que o rendesivir precisa ser coberto pelas operadoras.

Evi Goffin

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