Pedidos de seguro-desemprego sobem pelo terceiro mês seguido
Os pedidos de auxílio-desemprego registraram 494.413 requerimentos em setembro, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2020. É o terceiro mês consecutivo de crescimento do número de requerimentos, o que coincide com o fim do benefício de suspensão e redução de salários e jornada.
No entanto, na comparação do acumulado dos últimos sete meses, houve uma queda de 15,58% em relação a 2020. De janeiro a setembro de 2020, período marcado pelo início da pandemia do coronavírus, foram registrados 5,4 milhões de pedidos ante 4,6 milhões nos primeiros nove meses de 2021.
O Ministério do Trabalho e Previdência afirma que, apesar do término do BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), ainda há mais de 2 milhões de empregos com garantia provisória de contrato, além de o nível de utilização do seguro-desemprego estar abaixo do observado em outros anos da série histórica.
Um dos programas para o enfrentamento da pandemia, o BEm, que vigorou até agosto, permitiu que empresas firmassem acordos de redução de jornada e salário ou de suspensão de contratos de trabalho. Foram beneficiados 10 milhões de trabalhadores no ano passado e 2,5 milhões neste ano.
O ministério destaca ainda que o comportamento da utilização do seguro-desemprego reflete o comportamento das demissões no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), cujos números de setembro serão divulgados nesta terça-feira (26). Em agosto, foram criadas 372.265 vagas de trabalho com carteira assinada no país, de acordo com o ministério.
“Neste momento, o número de pedidos do seguro-desemprego reflete o pequeno aumento das demissões. Desempenho esperado em um momento de aquecimento do mercado de trabalho, quando as demissões acompanham o aumento das admissões”, afirma a pasta em nota.
Sentido contrário
“Quando a gente olha a média histórica, esse não é um número dos mais altos, teve o pico no ano passado, quando foram registrados mais de 900 mil pedidos de seguro-desemprego, no ínício da pandemia de coronavírus, em maio de 2020”, avalia o economista Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Para ele, o fato de estar um pouco acima do mesmo mês do ano passado é porque naquele momento os programas de governo começavam a ficar cada vez mais vigentes, com as pessoas aderindo cada vez mais. “Então, naturalmente, no ano passado tinha um patamar mais baixo, enquanto agora a gente vê o sentido contrário, a saída dos programas de governo. É natural que ainda tenha uma certa calibragem”, afirma.
A desaceleração da economia brasileira, principalmente na indústria e comércio, neste segundo semestre, também pode ter influenciado. “A gente já começa a observar essa saída do programa, mas nada que chame muito atenção. O resultado em 2021 é muito melhor que em 2020. O impacto da pandemia foi muito mais forte no ano passado”, analisa Tobler.
A expectativa agora até o fim do ano, segundo ele, é que tenha uma recuperação um pouco melhor do mercado de trabalho, principalmente com o setor de serviço, que é o que mais emprega. “Esse é o principal cenário, de uma continuidade na recuperação do mercado de trabalho. É claro que a recuperação total, voltar ao nível pré-pandemia, por exemplo, ainda vai demorar um tempo, principalmente com a desaceleração da economia e os números de 2022, que já não são tão bons quanto se esperava anteriormente”, conclui o economista.