O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de 41 anos, apresentou agravamento do estado de saúde na sexta-feira (14) e seu quadro clínico foi considerado irreversível pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês, no Centro de São Paulo, onde estava internado desde o dia 2 de maio. Covas morreu neste domingo (16). Ele é o primeiro prefeito da cidade de São Paulo a morrer durante o mandato.
Covas estava em uma unidade semi-intensiva do hospital acompanhado por familiares. Ele recebeu sedativos e analgésicos para não sentir dores nos últimos momentos de vida.
Ele foi internado após passar mal em casa e apresentar náuseas e vômitos. Os médicos detectaram que ele estava com um quadro de anemia e foi diagnosticado um sangramento na região da cárdia, entre o estômago e esôfago (onde o câncer teve início). Covas passou por uma endoscopia e o sangramento foi contido durante o procedimento. Dias depois, o sangramento voltou e ele passou por sessões de radioterapia.
No dia 3 de maio, um dia depois de ser internado, Covas foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi intubado após a descoberta do novo sangramento no sistema digestivo.
O sangramento, causado por uma úlcera, estava localizado em cima do tumor diagnosticado em 2019, na cárdia, uma válvula na passagem do esôfago para o estômago. (veja na imagem abaixo a evolução do quadro clínico desde 2019).
Em outubro de 2019, Bruno Covas foi diagnosticado com um câncer na região da cárdia, localizada na transição entre o estômago e o esôfago, durante uma consulta para tratar uma infecção de pele. Na época, também foi diagnosticada metástase do câncer original, com linfonodos aumentados ao redor do pâncreas e um nódulo no fígado.
Ainda em 2019, o prefeito iniciou sessões de quimioterapia e radioterapia, que fizeram com que os tumores regredissem e diminuíssem de tamanho. Ele continuou o tratamento em 2020 com imunoterapia, sem a necessidade de se licenciar do cargo, pois apresentava boas condições clínicas.
Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença. Ele tirou uma licença de 10 dias para se submeter a novas sessões de radioterapia.
No entanto, em fevereiro deste ano, exames de rotina apontaram que a doença havia ganhado terreno, segundo os médicos, com novo nódulo no fígado. No último dia 16 de abril, a equipe médica revelou que novos focos de tumores no fígado e nos ossos da coluna e da bacia foram encontrados. Covas voltou a realizar sessões de quimioterapia e imunoterapia.
No final de abril, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões. Drenos foram colocados para a retirada do líquido, e sua alimentação passou a ser complementada com a administração de alimento na veia.
A drenagem dos líquidos foi bem-sucedida, segundo os médicos, e o prefeito teve alta no último dia 27.
Sentindo mal-estar e mais dores, a equipe médica julgou necessário antecipar a volta de Covas ao hospital, e ele foi internado novamente no último domingo (2).
Ele foi transferido para a UTI, e as sessões de quimioterapia e imunoterapia que o prefeito faria na segunda (3) foram suspensas.
No domingo (2), Covas anunciou que ia tirar uma licença de 30 dias do cargo de prefeito para dar continuidade ao tratamento.
Cronologia
- Outubro de 2019: Covas é diagnosticado com câncer em válvula do estômago, com metástase no fígado e linfonodos
- Dezembro de 2019: Tumores regridem após quimioterapia
- Fevereiro de 2021: Novo nódulo é encontrado no fígado
- 16 de abril de 2021: Exames mostram novos pontos de câncer nos ossos da coluna e da bacia e no fígado
- 21 de abril de 2021: Inflamação causa acúmulo de líquido nos pulmões e no abdômen
- 3 de maio de 2021: Sangramento é encontrado no estômago. Prefeito vai para UTI e se licencia do cargo por 30 dias
- 14 de maio de 2021: Covas apresenta piora, é sedado e quadro clínico é considerado irreversível.
Primeiro diagnóstico em 2019
O prefeito da capital foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.
Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Em 2019 e 2020, Covas passou por oito sessões de quimioterapia, que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia.