O cantor Kevin Nascimento Bueno, mais conhecido por MC Kevin, morto no último domingo (16) após cair da varanda de um quarto em um hotel no Rio de Janeiro, não tinha uma relação muito boa com a polícia. Ele foi indiciado em quatro crimes pela Polícia Civil de São Paulo.
De acordo com registros da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o funkeiro respondia por receptação de um celular furtado, embriaguez ao volante, posse de drogas para uso pessoal e infração de medida sanitária preventiva. As ocorrências ainda estão tramitando em inquéritos policiais ou em processos criminais e em nenhum dos casos houve condenação. Agora, em razão da morte do artista, a punibilidade será extinta e serão requisitados os arquivamentos das ações.
O boletim mais recente foi registrado em 13 de maio do ano passado, no 3º DP (Mogi das Cruzes), por um representante do condomínio onde Kevin morava. Ele disse ter tido conhecimento, pelas redes sociais e pela imprensa, de que o funkeiro estava com a Covid-19 e desrespeitava os “procedimentos de isolamento”, circulando de carro e ainda tendo “contato físico no dispositivo de liberação da cancela de saída, ou seja, inseriu as suas digitais no equipamento de uso comum de outros moradores, colocando em risco a saúde de outros condôminos”.
Ainda segundo os moradores, Kevin teria frequentado áreas comuns do condomínio, como a academia. Na delegacia, o representante apresentou cópias de postagens do Instagram nas quais Kevin pede desculpas pelo comportamento e imagens de câmaras de segurança. O rapaz foi autuado por infração de medida sanitária preventiva. O crime, tipificado no artigo 268 do Código Penal, consiste em “infringir determinação do poder público, destinada a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa” e, em razão da pandemia da Covid-19, foram editadas leis e decretos que regulamentam sua aplicação.
Em 10 de março de 2019, Kevin foi levado por policiais militares ao 73º DP (Jacana), após ser flagrado fumando um cigarro de maconha quando estava parado, no carro, com um amigo. Durante a abordagem, os PMs disseram que ele, “de forma bastante exaltada”, “tentou se desvencilhar” e “regressou para o interior veículo”, onde então retirou os dois copos contendo bebida alcoólica, sendo ele advertido por um dos soldados.
Na delegacia, os policiais contaram que Kevin “afirmava ser artista e que não iria à lugar algum, bem como, que ninguém iria entrar em seu veículo”, precisando ser algemado e colocado na viatura, embora seu amigo pedisse para que ele “colaborasse”. O cantor foi autuado por posse de drogas para consumo pessoal e, mediante assinatura de termo de compromisso, liberado.
Em 28 de junho de 2016, durante uma ronda a pé, policiais militares abordaram Kevin e outros dois homens que estavam dentro de um carro. Durante a revista pessoal, foi encontrado um celular Iphone que constava como furtado em 4 de agosto do ano anterior. Ao ser questionado, ele respondeu que o aparelho “poderia ser de procedência duvidosa” e recebeu voz de prisão, sendo levado a 90º DP (Parque Novo Mundo). Na distrital, o delegado de plantão ratificou a prisão e arbitrou fiança no valor de R$ 1 mil, valor pago pelo advogado do artista. Ele foi indiciado pelo crime de receptação e o processo está em andamento na 8ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda.
Em 13 de julho de 2016, policiais militares foram atender uma ocorrência de acidente de trânsito envolvendo dois veículos. Kevin, que dirigia um Hunday Tucson, não tinha carteira de habilitação, avançou o sinal vermelho, colidiu com outro carro e ainda atingiu o muro de proteção da via-férrea. Ao fazer o teste de alcoolemia, foi constatada a presença de 0,49 Mg/L no sangue – superior aos 0,33 Mg/L permitidos em lei.
Levado para o 24º DP (Ponte Rasa), apresentando “sinais notórios de ter ingerido bebida alcóolica em excesso”, tais como “vermelhidão nos olhos, andar cambaleante, odor etílico” e fala “desconexa”, Kevin preferiu ficar em silêncio. O delegado de plantão então lhe deu voz de prisão, tendo arbitrado fiança no valor de R$ 1 mil para responder o processo em liberdade. O carro foi liberado, após perícia, e entregue para Valquíria Nascimento dos Santos, mãe do funkeiro.