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Irmã de servidor morto por PMs contesta militares: “Ele foi executado”

PM alega que servidor jogou o carro contra as viatura durante perseguição. Família contudo não acredita na versão dada pela Polícia Militar

A família do empregado público Rodrigo Moreira de Figueiredo contesta a versão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) na morte do homem, ocorrida no último sábado (10/8). O servidor foi morto a tiros por militares durante uma perseguição, no Lago Norte.

Para os familiares, não teria como o funcionário dos Correios ter jogado o carro contra os PMs, já que não há arranhões no veículo. “Eles falam em colisão, mas não há uma marca no carro. Nós não sabemos nada e queremos uma investigação”, disse Regina Moreira, irmã da vítima.

“Meu irmão foi executado e estão querendo dizer que ele é um criminoso para justificar a ação”, completou. “Eu não vejo meu irmão jogando o carro contra viaturas”, alegou.
A irmã da vítima ainda destacou que não há pena de morte no Brasil e que nem dirigir em alta velocidade nem o suposto assédio justificariam a execução de alguém.

“Manobras perigosas”

De acordo com o relato dos policiais militares que atuaram na ocorrência, Rodrigo estava em um bar na 412 Norte, quando, supostamente, teria assediado três mulheres, inclusive puxando uma para dentro do carro. Elas teriam acionado a Polícia Militar.

Ainda segundo os policiais que atuaram na ocorrência, Rodrigo fugiu, quando deu início a uma perseguição em alta velocidade. Os PMs alegam que Rodrigo teria, por diversas vezes, jogado o carro contra as viaturas da corporação, na tentativa de se desvencilhar dos militares. Os PMs informaram que um policial efetuou, então, um disparo em direção ao carro de Rodrigo para interromper a fuga.

Ele foi levado ao Hospital da Região Leste (Paranoá) e morreu no local, conforme consta em relato da PM.

No atestado de óbito, a causa da morte é um traumatismo torácico e cervical, causado por objeto perfurocontundente, compatível com um tiro nas costas. Rodrigo era morador do Lago Norte, deixa dois filhos e um neto.

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal alegou que foi acionada após denúncias de um homem assediando as mulheres em um bar. A PM também disse que o homem fugiu “quase atropelando” as pessoas na saída do bar, que dirigia na contramão e jogava o carro contra as viaturas, com “manobras perigosas na pista”. A polícia também informou que havia drogas na carteira de Rodrigo.

Apesar de terem sido chamadas, as mulheres supostamente assediadas por Rodrigo não compareceram à delegacia. “Sabemos que houve perseguição, mas não sabemos ainda o motivo. Os policiais falam que foi por assédio, mas nem elas ainda deram a versão para a gente saber. Ou seja, só temos a versão da polícia”, reclama Regina.

O caso está na 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), que investiga a ocorrência como homicídio.

Evi Goffin

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