Que história! Rogério Maria, de 51 anos, passou 68 dias internado ao todo em 2020. Ele é uma das 73.912 pessoas que contraíram Covid-19 em Campinas (SP). No entanto, começou 2021 com a vitória em um bolão da Mega-Sena da Virada e o desafio de concluir sua recuperação. ‘Tudo isso me fez dar valor às pequenas coisas da vida’, diz.
Ainda internado, Rogério precisou de uma traqueostomia. Teve pneumonia e infecção bacteriana em decorrência da baixa imunidade e do longo período de internação. 80% dos pulmões ficaram comprometidos. Ainda apresentou trombose generalizada e foi submetido a 28 dias de hemodiálise.
“Minha família foi chamada duas vezes para se despedir de mim, porque os médicos não acreditavam na recuperação.”.
Dos 68 dias internado, 42 foram em coma induzido, entubado. A alta e reabilitação desafiadora dividiram espaço com a sorte do bolão, no qual ganhou parte do prêmio da Mega-Sena da Virada em 2020.
“Aprendi a viver mais feliz. Mesmo com todas essas sequelas, mas ainda vou superá-las. Não desisti e não desisto jamais.”.
O analista de sistemas, pai de dois filhos, foi infectado em julho, pico da primeira onda da pandemia. A piora no quadro veio rápido e ele ficou hospitalizado na Casa de Saúde de Campinas.
“Sentei na cadeira de rodas e passei pelo corredor do hospital. Essa é a última lembrança que tenho daquele dia, antes dos 42 dias em coma”.
Em setembro, o analista voltou para casa com 27 kg a menos, queda de cabelo e a pele escurecida pelos remédios que tomou. Teve perda de memória recente e lesões nos nervos periféricos das duas pernas, que impossibilitariam qualquer movimento por seis meses, segundo a previsão médica.
Benefício negado no INSS e prêmio da Mega
Durante o coma, a família realizou um pedido de auxílio por internação médica ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas foi negado. A justificativa do órgão, segundo Rogério, foi que ele estaria apto a trabalhar, mesmo com o atestado de coma expedido pelo hospital.
Após novas tentativas, recebeu, até o momento, apenas uma parcela do valor a que teria direito. Questionado, INSS disse estar analisando o caso para que os valores devidos sejam pagos corretamente. Alegou que a documentação enviada em agosto não estava de acordo com o necessário e que a perícia de Rogério está agendada para 31 de março.
“Na avaliação presencial, a perícia médica vai verificar a data de início da incapacidade, podendo definir o pagamento retroativo do auxílio.”, informou o órgão.
A família recorreu a uma vaquinha online para ajudar nas despesas com o tratamento ainda em dezembro do ano passado. Não imaginavam que também teriam sorte com um bolão da Mega-Sena da Virada. O grupo no qual Rogério estava acertou cinco dezenas, e cada um recebeu o valor líquido de R$ 7.325,26.
Com a capacidade pulmonar reestabelecida, ele recuperou 13 kg e ainda aprimora os passos, sob os olhos de fisioterapeutas. Atualmente, Rogério já consegue pular, correr e fazer exercícios de força. Um recomeço após a Covid-19.
“Sou um cara alegre, estou voltando a sorrir. É uma batalha diária e minha superação está acontecendo. Tudo isso me fez dar valor às pequenas coisas da vida.”.