Google celebra 100 anos da atriz brasileira Ruth de Souza

Muito mais do que uma carreira longeva e de sucesso na no teatro, cinema e televisão brasileiros, Ruth de Souza marcou época pela representatividade e o pioneirismo em ser a primeira atriz negra a encenar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Era o ano de 1945 e entrou para história encenando o espetáculo “O Imperador Jones” (“The Imperator Jones”), do dramaturgo americano Eugene O’Neill (1888-1953).

Nesta quarta-feira (12), Ruth de Souza faria cem anos, se viva fosse, e ganhou uma homenagem mais do que merecida pelo gigante das buscas na Internet, o Google. O site disponibilizou um “doodle” com uma ilustração da atriz.

Além de do destaque com emblema do teatro no Brasil, Ruth também foi uma pioneira no cinema, sendo a primeira brasileira a disputar um prêmio internacional, o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por “Sinhá Moça” (1953). Marcante nos primórdios das transmissões na TV, ela também foi contratada da Globo por mais de 50 anos, onde atuou em mais de 30 novelas, tais como “O Bem-Amado” (1973), “Helena” (1975), “Sinhá Moça” –primeira e segunda versões (1986 e 2006)– e “Memorial de Maria Moura” (1994).

O último trabalho de Ruth na emissora foi na minissérie “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, em 2019. Ruth de Souza morreu no dia 28 de julho de 2019, tendo vivido 98 anos, vítima de complicações de um quadro de pneumonia.

Negritude e racismo

Em um depoimento, ela recordou: “riam de mim quando eu dizia que queria ser atriz.” As palavras estão nos comentários de Ruth de Souza na série “Damas da TV”, exibida pelo canal pago Globonews, em 2014.

No programa, a atriz, com cerca de uma centena de atuações no teatro, televisão e cinema, contou que no primeiro ano de escola foi às lagrimas ao ver em seu livro escolar um capítulo sugerindo que o formato da cabeça do negro fazia com que ele fosse intelectualmente inferior aos demais seres humanos.

Primogênita de dois irmãos, Ruth Pinto de Souza nasceu no Engenho de Dentro, zona norte carioca, em 12 de maio de 1921. Mudou-se ainda pequena com a família para um sítio no município de Porto Marinho, interior do Estado de Minas, onde seus pais dependiam da roça para a sobrevivência da família.

Aos nove anos, com a morte do pai, retorna com a mãe e os irmãos para o Rio, onde passam a viver em uma vila de lavadeiras e jardineiros, em Copacabana.

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