“Fungo preto” da covid: dermatologistas explicam os riscos
Um caso de mucormicose (fungo preto) em pacientes com covid-19, confirmado em Manaus, acendeu o alerta sobre a doença no Brasil. O surto iniciou na Índia, registrando nove mil ocorrências em maio. As informações são do portal Metrópoles.
Nesse sentido, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) esclareceu várias informações sobre o fungo preto da covid-19, causador de micoses que, de acordo com relatos clínicos científicos, podem afetar pacientes com problemas respiratórios e na pele.
De acordo com o Departamento de Micoses da SBD, a chamada mucormicose é uma doença oportunista que, em geral, não tem potencial patogênico, ou seja, pessoas sadias que tiverem contato com os fungos não ficam doentes. No entanto, organismos debilitados ficam suscetíveis a maiores complicações.
A coordenadora do Departamento de Micoses da SBD, Rosane Orofino, explica que “essa micose oportunista tem progressão rápida e é muitas vezes fatal, com mortalidade em 40-50% dos casos”.
A especialista alerta que o principal aliado para salvar vidas é “o conhecimento da doença e dos fatores predisponentes, como o descontrole da glicemia e da cetoacidose, que facilitam o diagnóstico e o tratamento precoce da mucormicose”.
Grupo de risco
Os indivíduos mais vulneráveis à mucormicose são portadores de diabetes mellitus descompensada ou com cetoacidose. No grupo de risco, ainda estão usuários de corticoides de forma prolongada, além de pacientes com alguns tipos de câncer, queimados graves, portadores de feridas abertas e transplantados de órgãos sólidos.
O aumento do ferro sérico e a diminuição dos linfócitos, que ocorrem na Covid-19, também são fatores que predispõem a essa micose oportunista.
Fique atento aos sintomas
A Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta que a apresentação clínica mais frequente da mucormicose é rino-ocular, iniciando com edema (inchaço) e endurecimento da região nasal ou em volta dos olhos, dor na face e secreção nasal sanguinolenta. A doença pode rapidamente progredir para lesão cerebral e morte, se não houver diagnóstico e tratamento precoces.
De acordo com os especialistas são os fungos que entram nos vasos sanguíneos, causando embolia e infarto, levando à necrose tecidual. A maioria dos casos que chegam a acometer o cérebro são fatais, podendo, ainda, gerar acometimento pulmonar ou de outros órgãos.
Quando acomete os pulmões, os sintomas da mucormicose são parecidos com os da covid-19 (febre, tosse e falta de ar).
O tratamento consiste na retirada cirúrgica do tecido necrosado e infectado (desbridamento), o que ajuda na melhoria da cicatrização e na diminuição de secreções. Também é recomendado o emprego de antifúngicos sistêmicos em ambiente hospitalar, como anfotericina B, posaconazol e isavuconazol.