Espaço da Família

Especialistas alertam: maior exposição de crianças a telas pode trazer riscos à saúde

Um risco para o desenvolvimento durante a chamada primeiríssima infância. “A atividade passiva com a tela acaba não permitindo, acaba roubando essa interação, roubando a possibilidade dessa interação acontecer”, explica Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Vidigal. A fala reflete o expressivo acréscimo no uso de celulares, tablets e televisores por parte de crianças e adolescentes. Um estudo da Kantar mostra que o isolamento devido a pandemia do coronavírus levou a este cenário desafiador, especialmente para os cuidadores e pais de bebês na faixa etária de 0 a 3 anos. Para driblar o stress ela aconselha recorrer a criatividade.  “A possibilidade de fazer outras coisas como alternativas simples, mesmo dentro de casa, que é contar história, cantar, incluir a criança na rotina da casa. Vamos limpar a casa? Vamos varrer juntos. Vamos lavar louça? Vamos fazer juntos de forma segura”, afirma.

O levantamento aponta ainda que 27% das crianças apresentaram regressão durante a pandemia. Ou seja, passaram a ter comportamento de quanto eram mais novas. Entre outros problemas diagnosticados, choram muito, voltaram a ficar molhadas sem pedir para ir ao banheiro e falam menos. A pediatra do Hospital Albert Einstein, Carolina Camargo Vince, enumera alguns danos físicos e emocionais. “A criança fica olhando só para uma tela, existem estudos mostrando que posso ter um dano ocular, ocorrência uma miopia mais precoce em maior grau e existem danos com relação ao funcionamento cerebral. Então a gente teve na pandemia um aumento da ocorrência  da puberdade precoce, as meninas e os meninos começaram a ter um desenvolvimento puberal precoce. A gente percebe que isso traz um padrão de ansiedade muito grande, crianças mais ansiosas em decorrência ao uso de telas”, explica.

Outro ponto do estudo que chama atenção é que a alta exposição às telas está presente em todas as classes sociais, tanto é que figurava em 15% para crianças de 0 a 3 anos, e saltou para 59% durante os meses de isolamento. Outro índice que gera um alerta é que 51% das crianças estão fazendo atividades sozinhas. Em um comparativo por faixas sociais, as crianças da classe D são as que passam mais tempo sem companhia, brincando ou assistindo TV, chegando a 64%, enquanto nas outras classes varia de 47% a 51%. A pesquisa contou com as participações de famílias das classes A, B, C e D.

WSP
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