Desastre em Valência: enchentes deixam 95 mortos e centenas desaparecidos

Chuvas torrenciais causam o pior desastre do século XXI na Espanha; busca por vítimas continua em meio a críticas às autoridades sobre falhas nos alertas de emergência

Em um cenário de “terra arrasada”, o estado de Valência, no leste da Espanha, busca por corpos de vítimas das enchentes repentinas que atingiram a região desde terça-feira (29), causando o pior desastre do século XXI no país e deixando 95 mortos.

O número de vítimas deve aumentar nesta quinta-feira (31), ultrapassando a marca de 100, já que dezenas de pessoas continuam desaparecidas. O ministro dos Transportes e da Mobilidade, Óscar Puente, informou que ainda há corpos presos dentro de carros atingidos pelas enchentes. Cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão seriamente danificadas e bloqueadas, muitas delas por veículos abandonados.

A costa mediterrânea da Espanha, onde Valência está localizada, é acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região nos últimos tempos. Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que também estão por trás do aumento das temperaturas, das secas na Espanha e do aquecimento do Mar Mediterrâneo.

Com danos que lembram um forte furacão ou tsunami, as tempestades e enchentes que atingiram Valência são as piores registradas neste século, segundo a Aemet. A agência destacou que o impacto foi maior que o das enchentes de 2019 e comparável aos dois grandes temporais dos anos 1980: a chamada enchente de Tous, em 1982, e outra em 1987.

Mais de mil soldados das unidades de resgate de emergência da Espanha se uniram a trabalhadores de emergência regionais e locais na busca por corpos e sobreviventes. O ministro da Defesa afirmou que os soldados já haviam recuperado 22 corpos e resgatado 110 pessoas até a noite de quarta-feira. Além disso, autoridades regionais informaram que cerca de 70 pessoas foram resgatadas de telhados e casas por meio de helicópteros.

As enchentes, provocadas por chuvas torrenciais, deixaram um rastro de destruição e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. A força das águas arrastou carros, transformou ruas de vilarejos em rios e deixou veículos destruídos empilhados, fios de energia caídos e móveis domésticos atolados em lama.

 

A cidade de Valência, a terceira maior da Espanha, foi muito afetada, principalmente na região sul. Vários municípios ao redor da cidade sofreram com as chuvas, com localidades como Turís e Utiel recebendo a quantidade esperada de precipitação para todo o ano.

Uma ponte foi derrubada pela força da correnteza em Picanya, e uma mulher foi resgatada de helicóptero com um cachorro no colo, com a água batendo em seu pescoço, em Utiel. Um bebê e uma idosa foram resgatados da enchente por helicóptero em Alzira, ao sul do estado, e Catarroja, respectivamente.

Há previsão de mais chuvas para esta quinta-feira, segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet). Há alerta amarelo de chuvas acumuladas de 20 a 30 mm por hora em toda a região de Valência. A região de Castelló de la Plana, ao norte de Valência, está sob alerta vermelho, com 40 mm de chuva acumulada por hora e um total de 180 mm em um período de 12 horas.

Após a calamidade inicial, surgiram questionamentos sobre se as autoridades espanholas poderiam ter feito mais para salvar vidas. O governo regional está sendo criticado por não enviar alertas de enchente para os celulares das pessoas até as 20h de terça-feira, quando as enchentes já haviam começado em algumas áreas.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, está indo para a região para testemunhar a destruição de perto, enquanto o país inicia um período de três dias de luto oficial. Em declaração nesta quinta-feira, Sánchez pediu à população que não saísse de casa e seguisse as recomendações dos serviços de emergência.

Fonte: G1

Foto: Divulgação

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