Saúde e Bem-Estar

Coronofobia: um novo transtorno para a saúde mental

No último ano, a ciência identificou um novo transtorno mental de ansiedade gerado pela preocupação excessiva com a pandemia: a Coronofobia. O uso exagerado de álcool gel nas mãos, usar mais de uma máscara e luvas toda vez que se sai de casa são atitudes que mexeram bastante com as pessoas, que passaram a temer ainda mais a infecção pelo novo coronavírus. Somando a isso, ainda há a experiência de ter lidado com a morte de familiares ou amigos, a expectativa pela vacina e o surgimento de novas variantes.

De modo geral, a psicóloga Gabriela Nascimento diz que a preocupação intensa e o medo constante podem ser sinais de alerta, sendo percebidos pela própria pessoa ou por indivíduos do convívio quando observam que os rituais chegam ao ponto de trazer prejuízos no dia a dia “A própria pessoa pode ter esta percepção e isso ocorre, geralmente, quando nota que está trazendo prejuízos a si mesma, no cotidiano. Mas ainda há a questão da aceitação, que nem todo mundo que está passando por isso, aceita. E isso também é um grande problema”.

A Coronofobia pode favorecer ainda a aquisição de diversas patologias. “São situações incontroláveis e a pessoa faz o que pode para se proteger, mas não sabe se vai se contaminar, se alguém próximo pode vir a falecer, se a cidade vai entrar em lockdown, se vai perder o emprego, ou trabalhar presencial ou virtualmente. São muitas situações imprevisíveis e isso é exaustivo, acarretando um quadro de estresse constante que pode ser gatilho para o surgimento de depressão, Transtorno de Estresse Pós-Traumático ou Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) por limpeza, por exemplo”, esclarece Gabriela.

Não apenas adultos, mas crianças e adolescentes também estão atentas a tudo o que está sendo vivenciado. “Elas fantasiam algumas coisas e podem ter uma dimensão pior do problema. Neste sentido, pais e responsáveis devem ter uma linguagem acessível para tentar ajudá-las ou, dependendo do caso, buscar ajuda profissional”, ressalta a psicóloga.

DIA A DIA

Quem vivenciou um parente passar por situações exacerbadas em relação às medidas contra a Covid, foi a promotora Jeane Oliveira, 21 anos. Ela conta que o cunhado, que sofre de depressão, ficou bem preocupado com a situação da pandemia. “Ele não dormia direito e não se alimentava corretamente, ainda mais porque não parou de trabalhar nem no período do lockdown”, relata. Ela, no entanto, diz que a principal preocupação agora é com a mãe. “Ela tem câncer. Quanto a mim, uso álcool e máscara como principais medidas, mas quanto ao distanciamento social, é impossível, porque lido com o público. Em Icoaraci, por exemplo, parece que a pandemia acabou”.

Já Robson Costa, 23, que atua como promotor de vendas, diz que uma das situações que mais o deixou incomodado foi quando a mãe, que mora em Bragança, ligava todos os dias para reforçar as medidas sanitárias e perguntar como estava a sua saúde.

“Queria saber quando saía de casa, se lavava as mãos, se tomava banho assim que chegava, etc. Apesar de incomodar, não brigava com ela porque sabia que era preocupação de mãe”.

Ele confessa, no entanto, que se resguardou nos piores picos da pandemia, e que quando retornou ao trabalho manteve os cuidados contra o vírus, apesar de vez ou outra vacilar na prevenção. “Se tive Covid foi assintomático e confesso que não tomo 100% dos cuidados. Às vezes não uso máscara, e se uso, acaba descendo para o queixo. Algumas pessoas me alertam para ajeitá-la”, diz ele.

Em contato com clientes o dia todo, a Taciana Pinto, 27, que trabalha como gerente de uma loja de livros localizada no Ver-o-Peso, contou que o que mais a assustou foi como lidar com a situação pandêmica. “Quais os cuidados primordiais teríamos que ter, principalmente até que chegasse a vacina? Acredito que não houve tanta informação correta no começo e as pessoas também entraram em pânico. Por isso, no dia a dia, não custa nada cumprir as medidas de higiene dentro dos limites para que possamos voltar a uma certa normalidade”.

PARA ENTENDER

Coronofobia

A condição é uma fobia, e é classificada como um medo irracional desenvolvido devido às situações enfrentadas durante a pandemia, representando uma ansiedade grave relacionada ao vírus. Além do receio de contrair a doença, os medos mais comuns são o de ficar gravemente doente, da morte, de contaminar outras pessoas e dos problemas econômicos que o vírus acentuou.

WSP
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