Baixa imunidade e infecção longa podem explicar mutações do coronavírus

Cientistas em todo o mundo têm levantado algumas hipóteses para explicar o surgimento das variantes do coronavírus.

Ao Estadão, a pesquisadora da Universidade Yale Akiko Iwasaki, referência global em imunologia afirmou que “Há alguns dados surgindo que apontam que pessoas que têm a imunidade comprometida e que estão infectadas por muito tempo acumulam mutações. As variantes que estão despontando podem estar vindo desses pacientes que estão infectados por um longo tempo com covid”.

Akiko participa nesta quinta-feira (4), de um webinar promovido pelo Instituto Serrapilheira, para lançar um programa gratuito de formação de jovens cientistas.

A pesquisadora completou dizendo que como essas pessoas não conseguem eliminar o vírus sozinhas, elas costumam receber plasma de convalescentes e isso pode acabar eliminando o vírus, mas dá tempo para que as mutações se acumulem antes da eliminação. “O vírus que é selecionado para escapar do plasma convalescente pode circular na população dando origem às variantes”, concluiu.

O pesquisador Nuno Faria, do Imperial College de Londres, especialista em evolução de vírus que está participando dos estudos com a variante P.1, que surgiu no Amazonas, acredita que mais dessas variantes vão surgir. “É uma questão de tempo e de sequenciamento genético até encontrarmos mais VOCs pelo mundo”, disse.

“Quando a transmissão é galopante, novos mutantes podem surgir e se espalhar. É como colocar lenha na fogueira. No outono e inverno de 2020, a transmissão nos EUA foi galopante, mas tínhamos apenas um vírus. Agora, os EUA também têm as variantes. Eu me preocupo com outra onda e mais variantes se não controlarmos a propagação entre a população”, complementou Akiko.

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