Apesar de o desmatamento na Amazônia ter caído no primeiro semestre de 2023, as queimadas aumentaram . É o que mostram dados do projeto Monitor do Fogo, conduzido pela rede MapBiomas. Antes dele, estatísticas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) haviam mostrado queda no desmate.
Fogo e desmatamento costumam estar relacionados na Amazônia, onde as queimadas não são naturais. A queda do desmate no mesmo período de aumento do fogo pode, portanto, parecer uma contradição. Diferentes fatores, porém, incentivam as queimadas no bioma, o que explica os resultados de agora, segundo especialistas.
A diferença entre desmatamento e incêndio
Embora o desmatamento e o fogo tenham uma relação na Amazônia, eles são detectados e medidos de formas diferentes. O desmatamento é computado quando acontece o corte raso, ou seja, quando há completa remoção da vegetação nativa.
Todo ano tem fogo na Amazônia por causa da estação seca?
Sim, mas por um único motivo: alguém acende um fósforo.
A floresta amazônica é um ambiente úmido, e o fogo natural acontece raríssimas vezes no bioma – a cada 500 anos ou mais. Mesmo na estação seca, quando há condições ambientais e material combustível mais favoráveis, a umidade presente na região não permitiria tantos focos de calor se não houvesse a ação humana como fonte de ignição constante.
O fogo na Amazônia é resultado de três fatores, chamado de “triângulo do fogo”:
- Condições ambientais: no “verão amazônico”, entre maio e outubro, quando as chuvas são escassas e o clima fica mais seco, o ambiente se torna mais suscetível ao fogo;
- Material combustível: vegetação seca em abundância, que podem ser folhas e galhos caídos da copa das árvores e até árvores derrubadas;
- Ignição: a fonte do fogo, principalmente provocada por atividades humanas, seja intencionalmente (para desmatamento ou manejo) ou acidentalmente.
Com o desmatamento, o aumento da temperatura média global nas últimas décadas e a ocorrência de eventos climáticos extremos, como a seca, a Amazônia está mais vulnerável.