Não tem hora e nem lugar para o paraense tomar o seu açaí. Com ou sem acompanhamento, quem decide o que quer misturar no fruto é você! Rico em proteínas, gordura vegetal, vitaminas (B1, C e E), minerais e fibras, ajuda a fortalecer ossos e cartilagens, auxilia nas funções da memória, reposição energética, prevenção de doenças cardiovasculares e trânsito intestinal. Assim é o açaí.
Para aproveitar todas essas propriedades e a disponibilidade na região, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, inseriu o alimento no tratamento cardiológico de crianças.
O açaí foi servido durante uma ação multiprofissional organizada com o objetivo de estimular a adesão ao tratamento.
Servido como “papinha” na hora do lanche, o fruto foi escolhido como forma de valorizar a culinária local e resgatar memórias afetivas e culturais nas crianças e acompanhantes, que acabam ficando sem consumir o fruto no período de internação, ou que, em função da idade e do tratamento, sequer experimentaram um dos itens mais tradicionais da gastronomia paraense.
“Quando o paciente está afastado da própria realidade buscamos alternativas de reaproximá-lo da vida fora do ambiente hospitalar, ouvindo o próprio paciente ou o acompanhante. Foi assim que descobrimos o desejo pelo açaí, e realizamos esta ação para estimular não apenas a adesão ao tratamento, mas a motricidade, a postura, a deglutição e outros aspectos importantes do desenvolvimento das crianças”, explicou Karla Aita, terapeuta ocupacional no HC.
Fonoaudióloga na Clínica Pediátrica do HC, Ivana Ribeiro faz um complemento sobre a escolha do açaí e a evolução do tratamento: “Trabalhar essas novas texturas de alimentos de forma gradual, para que as crianças possam construir as memórias sensoriais. O açaí entra nesse contexto pela cultura local, das origens de cada família e do tratamento humanizado ofertado pela instituição, sempre focando no bem-estar do paciente”.
Lucas Emanuel tem 7 anos, e há quase seis meses não tomava açaí em função da internação. Por isso, incluiu o fruto na lista de desejos. “Gosto muito de açaí, pipoca e ovo. Comeria todos até encher a barriga”, contou o menino, que até mudou de comportamento depois de um copinho de açaí. “Semana passada ele estava bem agitado. Não queria fazer as medicações. Hoje está mais calmo, bem mais alegre”, disse o pai, Emanuel Janes de Sá.
Além da valorização da culinária e da cultura, a oferta do açaí também foi uma forma de orientar os acompanhantes das crianças sobre como aproveitar as propriedades nutricionais do fruto. “Em alguns casos, as crianças estão iniciando a alimentação complementar, que é a inserção de outros alimentos diferentes do leite materno e com outras texturas, como o açaí mais grosso. Ao mesmo tempo, temos crianças que já consomem açaí fora do Hospital. Em todas as situações, orientamos sobre como aproveitar o açaí da melhor forma”, explicou a nutricionista Socorro Barbosa.