Lábrea e Apuí, no extremo sul do AM, concentram maior número de focos de queimadas em 2021
Os municípios de Lábrea e Apuí, no extremo sul do Amazonas e na fronteira com os estados de Rondônia e Mato Grosso, concentram o maior número de focos de queimadas entre 1º de janeiro a 8 de agosto de 2021. Os dados são da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Somente as duas cidades concentram cerca de 1,4 mil focos de calor.
Em um boletim divulgado pela Sema na terça-feira (10), Lábrea acumulava um total de 761 focos, enquanto Apuí registrou 736. Manicoré vem na terceira posição com 358, seguida de Canutama (221), Novo Aripuanã (196), Humaitá (149) e Boca do Acre (137) também encabeçam a lista.
No ano passado, o G1 já havia feito um levantamento que mostrou que as duas cidades foram as que mais concentraram focos de queimadas no Amazonas naquele período, considerado um dos mais devastadores da história do estado.
A área onde elas estão localizadas é conhecida pela forte presença da pecuária. As queimadas e os desmatamentos são monitorados pelas entidades como movimentos de pecuaristas e fazendeiros da região, que buscam ampliar a área de pasto para o cultivo de gados.
Em todo o Amazonas, a Sema registrou – entre 1º de janeiro a 8 de agosto de 2021 – um total de 3.223 focos de queimadas. O número é menor que o registrado no mesmo período em 2020, quando o estado alcançou a triste marca de 5.250 incêndios. A redução sentida foi de 38,6%, a maior entre os estados da Amazônia Legal.
Apesar de ainda estar no início, agosto já é o mês que concentra o maior número de focos de calor no Amazonas. Somente nos oito primeiros dias já foram registrados pela Sema cerca de 1.823 incêndios. O mês que registrou o menor índice foi março, com apenas 17.
Ainda analisando os dados da Amazônia Legal, o Amazonas está na 4ª posição do ranking de queimadas. A lista é puxada pelo Mato Grosso (7.840 focos), Tocantins (4.626) e (Pará 4.490).
Governo forma brigadistas para atuar na região
Para tentar reverter os danos causados pelos focos de calor no estado, a Secretaria de Meio Ambiente lançou a campanha “Floresta Faz a Diferença”, voltada para a prevenção de queimadas e desmatamento por meio de atividades de Educação Ambiental, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
Por meio da campanha, municípios do Amazonas têm recebido palestras e a implementação de roçados sem uso de fogo, a fim de diminuir os focos de calor relacionados a atividades tradicionais de roçado e limpeza de terrenos com uso do fogo. Oito municípios já receberam a ação.
As atividades estão sendo realizadas tanto nas sedes dos municípios como em comunidades rurais e Unidades de Conservação (UCs). Além disso, a campanha está promovendo a formação de brigadistas florestais no Sul do Amazonas – área prioritária de atuação, considerada de maior vulnerabilidade devido à expansão do agronegócio nos estados do Mato Grosso, Rondônia e Pará. De abril a agosto deste ano, 175 novos brigadistas foram formados.
O Amazonas também aderiu à Garantia da Lei e da Ordem (GLO), deflagrada pelo Governo Federal, que permite o apoio das Forças Armadas no combate a crimes ambientais em território amazonense.
Junto a isso, a Sema obteve a aprovação de R$11,5 milhões do Banco Alemão de Desenvolvimento KFW, para contratar 240 brigadistas, para reforçar a atuação estadual contra as queimadas. Parte do recurso também será usada para contratação de um serviço de monitoramento por drone, em tempo real, do desmatamento no Sul do Estado, a fim de auxiliar as equipes em campo pela Operação Tamoiotatá e, também, apoiar o Ipaam na autuação remota de infratores.
A reportagem também contatou o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaaam), que disse também estar trabalhando com a campanha “Floresta Faz a Diferença”, que segue até o fim do verão amazônico, período com o maior número de focos de incêndio na região.
Danos são irrefutáveis
Um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) publicado na segunda-feira (9) mostra que as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos, como as queimadas na Amazônia, são irrefutáveis, irreversíveis e levaram a um aumento de 1,07º na temperatura do planeta.
É a primeira vez que o IPCC – um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) – quantifica a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura na Terra.