Quem diria que um ‘Zé Ninguém’ conseguiria mobilizar a mídia mundial numa verdadeira caçada desenfreada?! Pois bem, o suposto Serial Killer, Satanista, Psicopata, Ladrão, etc… finalmente teve o CPF cancelado.
Todos nós ficamos sabendo dos crimes que ele cometeu, do histórico de passagens criminais, mas alguém sabe contar os crimes que ele sofreu? Não pense que esse comentário tem o intuito de tomar partido nem tampouco de agir em defesa, mas se faz necessário uma análise sobre algo que chamamos de produto do meio.
Lázaro infelizmente foi o produto do meio, ou seja, foi o fruto de um crime que aconteceu no nascimento, quando o lugar que deveria ser reconhecido por ele como lar e refúgio, foi apenas um campo de concentração de tortura psicológica e preparo para a formação de um ser humano totalmente desprovido de humanidade.
Sim, ele conhecia a mata, pois foi o ponto de fuga dele, com a mãe e irmãos das agressões de um pai abusador. Lázaro não nasceu no “Lar doce Lar”; Lázaro não teve os conselhos de Pai; tudo que ele teve foi a terra bruta e um coração forjado na indiferença. Ele não foi ensinado a amar, pelo contrário, ele foi treinado para não sentir.
Muitos podem dizer que também tiveram uma história de vida difícil e não se tornaram pessoas ruins e, para isso, parabéns se você é esse exemplo. Mas, nem todos conseguem reagir com positividade diante das adversidades da vida.
O que se pretende afinal com esse texto? Nada mais, nada menos que analisar que muitas pessoas lutam contra si próprias para superar muitas vezes a indiferença que a vida impõe; e não é fácil ser diferente quando tudo em torno de você te empurra para o abismo.
Lázaro morreu, mas a preocupação maior hoje deveria ser pelos tantos outros Lázaros que ficaram, pelos “Lázaros” que estão em treinamento em casas onde a presença paterna/materna não é sinônimo de amor e sim, de um ambiente hostil e pesado.
“Nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância”, já dizia Martin Luther King. Ou seja, enquanto o povo, a massa bruta que sustenta a sociedade for mantida na ignorância de conhecimento, sentimentos e ações, por conveniência, os “Lázaros” serão uma sombra constante; enquanto o sistema penitenciário permanecer inerte á qualquer iniciativa de verdadeiramente devolver a sociedade uma pessoa não apenas reabilitada mas, capacitada para retornar ao convívio familiar como também, ao mercado de trabalho, sempre haverão casos como Nardoni, do pequeno Henry, da Suzane Richthofen e Lázaros que agirão sem remorso, sem arrependimento, pois eles se tornarão o produto do meio onde são forjados.
Que esse caso sirva como análise para que a sociedade brasileira abra os olhos e saia da ignorância e demência social e emocional, onde muitas vezes a realidade distorcida de alguns gera um estopim ou surto emocional que resulta sempre na ceifa dos inocentes.