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3ª onda pode impulsionar com volta às aulas

O debate sobre a volta às aulas presenciais parece não ter fim. Desde o início do mês de fevereiro, diversos estudantes retornaram às salas para o começo do ano letivo. No entanto, há quem defenda o retorno 100% integral, pessoas que apostam no modelo híbrido e outras que acreditam que só as aulas online são seguras para se proteger da covid-19, principalmente agora, durante a segunda onda da pandemia. Para especialistas, a discussão não é simples, pois envolve diversos aspectos: questões psicológicas, pedagógicas e de saúde.

“A volta às aulas presenciais em escolas e universidades é mais prejudicial e contribui mais ainda para alavancar os casos do que a abertura de atividades não essenciais”. A declaração é do pesquisador Lucas Ferrante.”

Lucas é um dos pesquisadores que foi à Assembleia Legislativa do Estado (ALE), em agosto do ano passado, alertar sobre uma possível segunda onda da Covid-19. Mesmo com a estabilidade dos casos no Estado, neste momento, o pesquisador alertou que está acontecendo da mesma forma que antecedeu a segunda onda.

“Isso é extremamente preocupante. O cenário que a gente vê agora é de estabilidade, o que se viu antes da segunda onda. Inclusive esse foi o cenário que a gente usou para prever a segunda onda de Covid-19, desde agosto do ano passado. Essa mesma argumentação, a gente usou na revista Nature Medicine, em agosto do ano passado, para mostrar que a segunda onda iria acontecer. Caso a pandemia estivesse em recrudescimento, nós observaríamos um declínio ainda no número de casos, internações e óbitos, até simplesmente zerar. E não é o que acontece. O fato de nós ainda estarmos registrando casos, mostra que estamos num patamar constante; mostra que a pandemia está em continuidade plena e não está recrudescendo. E esse afrouxamento das medidas restritivas vai levar a um novo aumento de casos e a mais uma onda”, disse o pesquisador.

Ferrante disse usar o modelo SEIR (Susceptíveis Expostos de Infectados e Recuperados), onde ele considera todos os indivíduos e a taxa dessas categorias para verificar o aumento de casos e assim prever um cenário, com semanas ou meses de antecedência, a fim de que seja tomada uma atitude antecipada para prevenir mortes. Esses estudos apontaram que a volta às aulas presenciais são piores que a abertura das atividades não essenciais.

Para o pesquisador, o Governo do Amazonas está cometendo os mesmos erros e o Estado deve entrar em um isolamento social por pelo menos 21 dias, com restrição de circulação de 90% da população. Caso isso não aconteça, o Estado deve conviver com a pandemia por mais três anos. E caso surja uma nova variante, esta pode ser pior que a segunda onda. “O governo está repetindo os mesmos erros da segunda onda. Não estão fazendo absolutamente nada”, completou Ferrante.

Evi Goffin

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