Brasil

Jornalista denuncia Drogasil por racismo após ser acusada de furto em Santos

Jornalista negra foi acusada de furtar desodorante em Santos. Funcionários se retrataram, mas mulher deve entrar na Justiça por racismo

Uma jornalista denunciou a Drogasil por racismo após ser acusada de furto em uma unidade da farmácia em Santos, litoral de São Paulo, na segunda-feira (21/10). Na terça-feira (22), ela foi diagnosticada com estresse pós-traumático.

Em entrevista ao Metrópoles, a mulher explicou que foi à farmácia procurar um desodorante específico para uma ação de marketing. Ao deixar o local, foi abordada de forma agressiva por um segurança e pelo supervisor da loja, que a acusaram de ter roubado o produto.

A jornalista, vestindo roupa de academia e portando apenas uma pequena pochete com celular e fones de ouvido, se viu pressionada a retornar à farmácia. Pediu para que as câmeras de segurança fossem checadas, mas a solicitação foi negada.

Após a insistência, o supervisor admitiu que havia ocorrido um erro e pediu para que o segurança se retirasse, sugerindo que ela fosse embora. No entanto, a jornalista, orientada pela irmã advogada, decidiu chamar a polícia. Enquanto aguardava a chegada dos policiais, gravou vídeos chorando e relatando o incidente.

Quando os PMs chegaram, advertiram o segurança, afirmando que abordagens desse tipo deveriam ser feitas apenas pela polícia. Apesar do pedido de desculpas dos funcionários, a jornalista registrou um boletim de ocorrência e afirmou que pretende acionar a Justiça.

Racismo

Como mulher negra, a jornalista considera o episódio um caso de racismo. Durante a abordagem, questionou o supervisor se a cor de sua pele foi o motivo da acusação, ao que ele respondeu: “agora é tudo racismo”.

Curiosamente, o segurança que a acusou também é um homem negro. Ao ser questionado sobre a gravidade da acusação, ele revelou que já havia enfrentado situação semelhante.

“Olha a maluquice da nossa sociedade. Mesmo ele sendo da mesma cor que eu, e tendo passado pela mesma acusação, ele ainda não tinha o preparo para me abordar de maneira adequada”, desabafou a jornalista.

O Procon-SP notificou a Drogasil, exigindo explicações sobre o incidente. A notificação pede informações sobre as medidas tomadas pela farmácia e se os funcionários receberam treinamento adequado sobre prevenção de discriminação. A Raia Drogasil terá até o dia 29/10 para responder.

A jornalista afirmou que o supervisor mencionou que a equipe passou por treinamentos antirracistas, mas, segundo ela, as medidas não estão sendo eficazes. “O que me diferenciava das outras pessoas que estavam na loja naquele momento era a cor”, ressaltou.

Estresse pós-traumático

Desde o incidente, a jornalista tem apresentado sintomas de síndrome do pânico, incluindo aperto no peito e respiração ofegante. Após uma consulta de emergência, foi diagnosticada com estresse pós-traumático e começará tratamento psiquiátrico.

O caso foi registrado no 7º DP de Santos como preconceito de raça ou cor.

Nota da Drogasil

Em nota ao Metrópoles, a Drogasil afirmou que está investigando o ocorrido e lamentou profundamente a situação, expressando solidariedade à cliente. A empresa informou que os envolvidos no episódio foram desligados.

“A conduta não reflete os procedimentos e os treinamentos de atendimento e diversidade oferecidos aos funcionários. Estamos colaborando com as investigações e reafirmamos nosso compromisso em promover ambientes seguros e livres de discriminação”, conclui a nota.

WSP
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