Apagão: 900 mil clientes da Enel continuam sem luz em SP neste domingo
Distribuidora de energia não deu prazo para resolver o problema. Maior parte dos afetados é da capital paulista
Cerca de 900 mil consumidores continuam sem energia na manhã deste domingo (13/10), mais de 32 horas depois da tempestade que atingiu a Grande São Paulo, com a rajada de vento mais forte dos últimos 29 anos.
A maior parte dos moradores afetados é da capital paulista, onde cerca de 552 mil clientes da Enel amanheceram sem luz neste domingo. Além da cidade de São Paulo, 60,4 mil consumidores estão sem luz em São Bernardo do Campo, 59 mil em Cotia e 55,5 mil em Taboão da Serra.
Na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, um morador acordou os vizinhos aos gritos revoltado com o problema: “Para vocês saberem, a luz não vai voltar hoje”, dizia o homem, enquanto reclamava que parte do bairro já tinha tido a energia religada, mas seu prédio continuava com o problema. Outra moradora chegou a bater panela na janela para endossar o apoio ao vizinho: “É isso aí, é um absurdo”, gritava a mulher.
Em nota, a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia em São Paulo, disse que “segue trabalhando dia e noite com reforço das equipes de campo para restabelecer o serviço para todos”. A empresa afirma que está com 1,6 mil técnicos em campo para religar a energia na região metropolitana e que trabalha para ter 2,5 mil profissionais nas ruas. Funcionários do Rio de Janeiro e do Ceará, além de técnicos de outras distribuidoras foram acionados para ajudar nos trabalhos.
Na sexta-feira (11/10), mais de 2,1 milhões consumidores tiveram o fornecimento de energia interrompido. O dado contabiliza tanto residências quanto estabelecimentos comerciais. O apagão provocou reações dos governos municipal, estadual e federal, e gerou uma disputa política sobre a responsabilidade pelo caso.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), culpou a concessionária de energia pelo problema. “Mais uma vez, a Enel dando problema para a nossa cidade”, reclamou Nunes, que também jogou a responsabilidade para o governo federal do PT, que apoia a chapa de Guilherme Boulos (PSol), lembrando que a “Enel é concessão, regulação, fiscalização do governo federal”.
Tarcísio de Freitas (Republicanos) também foi às redes para criticar a empresa e cobrar o governo federal. “Mais uma vez, a Enel deixou os consumidores de São Paulo na mão. Se o Ministério de Minas e Energia e, sobretudo, a Aneel, tiverem respeito com o cidadão paulista, o processo de caducidade será aberto imediatamente”, afirmou. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, exigiu, neste sábado (12/10), que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cobre celeridade da distribuidora na retomada dos serviços interrompidos em São Paulo.
Uma nota divulgada pelo ministério afirma que “a agência [Aneel] claramente se mostra falha na fiscalização da distribuidora de energia, uma vez que o histórico de problemas da Enel ocorre reiteradamente em São Paulo e também em outras áreas de concessão da empresa”.
Mais cedo, a Aneel havia afirmado, por meio de nota que a resposta da Enel em São Paulo aos problemas provocados pelas chuvas no estado “está aquém de suas obrigações com o nível de serviço desejado e com a expectativa de seus consumidores”.
No texto, a Aneel acrescenta que pediu à sua área de fiscalização que “intime imediatamente a empresa (a Enel) para apresentar justificativas e uma proposta de adequação imediata do serviço diante das inúmeras ocorrências registradas ontem e hoje, de falha na prestação do serviço de distribuição”.
Candidato pelo PSol à Prefeitura de São Paulo, Boulos culpou a Enel e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pelo caos na cidade.
“Descaso completo, essa é a situação de uma cidade que ao mesmo tempo não tem prefeito e tem uma companhia elétrica que, a gente já sabe, é uma tragédia”, criticou Boulos em vídeos no Instagram. O bairro onde vive o deputado federal, o Campo Limpo, na periferia da zona sul, foi um dos mais atingidos pela tempestade. Uma pessoa morreu no local atingida por uma árvore.
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