Como a IA está impactando o futuro das profissões e dos conselhos administrativos
*Por Claudia Elisa Soares
Estamos no momento em que a transformação é potencializada pela Inteligência Artificial (IA), com ferramentas como o ChatGPT na vanguarda desta renovação. Ultimamente temos acompanhado de forma assombrosa como o chatbot desenvolvido pela OpenAI é capaz de compreender perguntas e trazer informações complexas sobre diversos assuntos.
O sucesso da ferramenta é tamanho, que atingiu 100 milhões de usuários ativos em apenas dois meses após o lançamento. O TikTok, app para compartilhamento de vídeos curtos, por exemplo, chegou a esse volume de usuários em nove meses, enquanto que o Instagram demorou dois anos e meio.
Contudo, ao mesmo tempo em que a novidade ganha admiradores, também há aqueles com olhares mais desconfiados. Isso acontece porque há o impacto que a Inteligência Artificial e ferramentas como o ChatGPT estão trazendo aos negócios.
É possível que setores como o de marketing e publicidade coloque redatores humanos para tarefas mais criativas e personalizadas, principalmente por conta da capacidade que o chatbot tem de gerar conteúdo escrito de alta qualidade para campanhas. O mesmo pode ocorrer em áreas correlatas da comunicação como a de criação de conteúdo e o jornalismo.
Já no setor da saúde a ferramenta poderá ser utilizada para trazer informações médicas mais rápidas e assertivas aos pacientes, diminuindo algumas demandas básicas dos profissionais de saúde. Outro mercado que pode ser impactado é o financeiro, que terá a oportunidade de usar a tecnologia em áreas como a de banco de investimento para analisar dados e fornecer insumos para tomada de decisão.
No centro das discussões sobre o futuro das profissões estão os conselhos. Afinal, são os conselheiros que traçam um panorama dos negócios para oferecer informações e orientações aos tomadores de decisão. Em um cenário com evolução e impactos das inovações, é fundamental que o conselho de administração acompanhe essas transformações e se atualize para manter sua relevância.
Neste momento, o ideal é que a agenda estratégica de conselheiros inclua conhecimentos abrangentes sobre IA e seus impactos no mercado, com as considerações éticas que acompanham sua implementação. Neste sentido, os membros do conselho precisam estudar constantemente para ampliar suas habilidades e competências.
Assim, ele terá compreensão da governança e privacidade de dados, além de entender também as implicações legais da utilização de ferramentas de IA para tomar decisões informadas e avaliar os riscos e benefícios potenciais da adoção desta tecnologia. Outro ponto importante para os conselheiros é buscar uma maior diversidade no colegiado, que deve ser composto por membros de diferentes formações, incluindo especialistas em tecnologia e dados, o que pode trazer novas perspectivas e ideias para as discussões.
Em suma, já é significativo o impacto da IA em diversos setores e profissões e isso deve aumentar no futuro. Pensando mais a curto prazo, a tecnologia pode ajudar os membros do conselho, trazendo insights que informam suas decisões, porém é improvável que ela consiga suprir totalmente a experiência e o julgamento humanos fundamentais para governar uma organização com a eficiência necessária.
Importante notar que o objetivo da IA é auxiliar os humanos em suas atividades e não substituí-los. Segundo próprio chatGPT, quando indagado se poderia substituir os conselheiros em um board, ele afirmou que “os membros do conselho são responsáveis por fornecer governança, supervisão e orientação a uma organização e devem ser capazes de entender os objetivos, a cultura e a estratégia da empresa. Eles também precisam ser capazes de identificar e gerenciar riscos e fornecer informações sobre decisões críticas que afetam o futuro da organização. Essas tarefas exigem um toque humano e uma perspectiva que a IA ainda não é capaz de replicar”.
Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares